14 de nov. de 2012

Uma reflexão sobre o entretenimento

Eu creio que você não refletiu o suficiente sobre o entretenimento em geral.

Creio que quem produz o que você consome também não pensou o bastante sobre o assunto.

Raios, acho que nem eu, que estou aqui dando uma de "entendido" refleti o suficiente ainda.

O entretenimento se tornou grande demais e complexo demais pra qualquer um achar que sabe o mínimo necessário sobre ele em apenas alguns anos somente consumindo ou até mesmo estudando sobre. Eu não sei, você não sabe e creio que somente uma fração vergonhosa de pessoas que lidam com o assunto quase que diariamente sabe com o que está mexendo.

Mas deixando isso de lado, vamos ao ponto, ou ao propósito que esse texto quer discutir: Para que serve o entretenimento e qual é o papel dele na sociedade de hoje, falando um pouco também do cuidado que se deve ter na produção do mesmo. Aviso já de antemão que essa é uma visão PURAMENTE MINHA sobre o assunto, e que em nada pretende se colocar como superior de outras concepções artísticas. Se eu faço isso, você não necessariamente tem que começar a fazer.

Bem, pra começar, voltemos um pouco no tempo para o século XIX, quando o entretenimento enquanto vendido ou apresentado por outros era privilégio de pouquíssimas pessoas, que por sua vez eram de classe alta e podiam pagar pelos custos de livros, concertos, etc. Além, é claro, de "reter" o conhecimento que esse entretenimento trazia só para si mesmos e seus iguais socialmente falando.

Nessa época, o entretenimento pouco fazia diferença na vida de quem não tinha acesso a ele (quiçá de quem tinha), e era uma coisa trivial, "coisa de rico" (ou coisa de branco, no Brasil), que pouco interessava e pouco ensinava quanto a qualquer coisa. Já para quem tinha acesso, resumindo, era uma coisa pra se "fingir" que entendia, por status e convenções da época.

Não que não seja assim ainda em muitos lugares, mas enfim. Isso foi mudar um pouco MESMO nos anos 40, nos EUA, com o advento e popularização dos quadrinhos, que conquistavam uma parcela maior da população (mesmo que fossem principalmente crianças). Mas o boom mesmo aconteceu nos anos 80, quando o entretenimento (Livros, filmes, games, quadrinhos, animações, etc) realmente passou a fazer parte da vida da grande maioria das pessoas, tendo uma pequena influência em seu dia a dia.

Pois bem, o tempo passou e, chegando aos dias de hoje, vemos a proporção que tudo tomou: Várias áreas do entretenimento atual tem legiões de fãs, fóruns na internet, produtos licenciados e tudo mais. Além disso, viraram objeto de estudo, material para resenha "especializada" em inúmeras revistas e sites e até ajudam algumas pessoas a encontrar uma boa mensagem que ás ajude a seguir na vida. Por que isso? Não me pergunte. Como eu disse no início, ainda não refleti o suficiente sobre isso, mas acredito que tem muito a ver com o escapismo inerente nas pessoas e a sua capacidade de se emocionar e aprender mais com o que mais as encantam, no caso a ficção.

E exatamente aí é que chegamos ao ponto que eu queria discutir. Sendo o entretenimento essa coisa grandiosa e cheia de tentáculos que é hoje, por que motivo há um descuido monumental de algumas empresas produtoras com o mesmo? Por que hoje há essa coisa de "entretenimento pelo entretenimento"?

Eu acredito que entretenimento deve divertir e, como a palavra já mostra em sua etimologia, entreter. Mas hoje eu creio que ele deve fazer MUITO MAIS do que somente isso. Hoje em dia desenhos, romances e todo o resto tem uma influência monumental no decorrer da vida das pessoas. O que elas veem, leem, ouvem e sentem, inconscientemente ou não, vai acompanhá-las por toda a vida. Muitas vezes o que elas consomem pode tirá-las de uma depressão, ou jogá-las na mesma, pode dar a elas coragem pra superar uma dificuldade, pode fazê-las refletir sobre algo que mudará sua visão sobre o mundo... tantas coisas que eu poderia citar, mas deixarei a cabo das lembranças de quem estiver me lendo.

O entretenimento hoje é quase um poder tão intenso e influente quanto a mídia jornalística. Através dele, você pode passar seus ideais, sentimentos, desejos e medos sobre o futuro e muitas outras coisas para centenas de milhões de pessoas! Você pode fazer parte da vida delas para sempre, e talvez com sorte até da vida dos descendentes de quem consumiu o que você criou.

E pensando bem, creio que qualquer criador que se der conta dessa responsabilidade vai querer passar algo bom para os fãs da sua obra. Algo marcante e bom, que possa (por mais ufanista e utópico que seja) fazer alguma diferença nas sociedades ao redor do planeta.

O entretenimento, para mim, foi feito para passar mensagens, reflexões e esperanças para o maior número possível de homens, mulheres e crianças, de uma forma glamourizada e autoexplicativa, fazendo assim com que conceitos muitas vezes complexos e de aparência monótona para a sociedade se tornem de fácil absorção por todos. É complexo, mas é possível e seria o mínimo essencial para que algo fosse aprovado para chegar ao consumidor.

Mas não é o que vemos, e isso me entristece um pouco. O que vemos é muita coisa ser feita pra agradar os lados mais primitivos das pessoas, feita pra simplesmente deixá-las ali, coladas ao que estão consumindo, e querendo consumir mais e mais para dar lucros a quem detém os direitos do produto. E não se pode nem culpar os autores ás vezes, pois é quase um determinação de certas partes da indústria.

Não generalizando, logicamente. Há muitas partes da indústria que se salvam.

Para finalizar, gostaria de dizer três coisas:

A todos, obrigado por lerem.

A quem somente consome entretenimento, pense mais no que você consome e procure tirar algo bom disso, independente da sua idade. Sempre temos muito a aprender.

E a você que produz, tenha mais carinho com o que faz, por favor. Lembre-se que a responsabilidade nas suas mãos está diretamente ligada com o coração e as mentes das pessoas. Reflita sobre.

É, isso. Voltamos depois com um post mais divertido. Até mais e take care.


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